quarta-feira, 16 de setembro de 2015



The cold air comes straight out of my veins
Freezing everything around it
You say I´m cold

How can we lose something that never was?
The house needs to be built
So the fire can burn it down

You say I don´t care
Of course I do!
But trees do not grow without light

Don´t say things you don´t know
Because I love you
But I am not yours


Tradução 

O ar frio sai direto de minhas veias
Congelando tudo a sua volta
Você diz que sou fria

Como podemos perder algo que nunca existiu?
A casa precisa ser construída
Para que o fogo a queime

Você diz que eu não me importo
É claro que me importo!
Mas árvores não crescem sem luz

Não diga coisas que não sabe
Porque eu te amo
Mas não sou sua


  

domingo, 6 de setembro de 2015



É incrível como ainda nesse século as pessoas acham normal e aceitável o preconceito de gênero.

As mulheres conquistaram seu espeço na vida profissional, social, familiar, sexual, na vida política e tantos outros setores. Mas isso não parece fazer diferença aos olhos de certas pessoas.

Eu posso falar por minha breve (mas valida) experiência de vida. Eu faço parte de um setor privilegiado economicamente, e reconheço isso, mas isso não me torna imune ao machismo e sexismo que cerca a nossa sociedade.

Dos mais inofensivos comentários como "mulher é tudo louca" ou "nossa, você faz isso? Só piranha faz isso!", chegando as cantadas infames na rua - esses chegam a ser ridículos: "ei gatinha, ta sozinha?", "como você é gostosa hem!". E chegando ao ponto mais baixo de todos como puxões de cabelo ( sim isso já aconteceu) e outras agressões que ainda não sofri e espero nunca ter que sofrer .

E quando eu falo alguma coisa me chamam de chata, feminazi, que estou exagerando. E isso me entristece em um nível que perco a vontade. Perco meu entusiamo, sinto que não adianta fazer nada, por que sei que esse tipo de pessoa, não tem como recuperar.

Então por favor, não vem com papinho de que quer discutir sobre o assunto como se fosse um especialista. Já você nunca se deu ao trabalho de tentar entender, por que se ao menos fizesse isso, não falaria as coisas que fala.



 

terça-feira, 14 de julho de 2015



Hoje quando estava escrevendo, uma borboleta surgiu na minha bancada.

Ela tinha lindas asas pretas e azuis. De um brilho que nunca tinha visto antes.

Por um segundo vaguei em sua beleza.

Mas não demorou muito até que percebe que sua asas estava machucada.

Um pedaço estava faltando.

Uma criatura tão bela. Porém defeituosa.

Um riso frouxo escapou de meus lábios.

Não conseguia acreditar na semelhança dessa situação que passava com a de um personagem tão famoso.

Brás Cubas.

Não posso dizer que era idêntica.

Afinal sua borboleta era preta, negra como a escuridão. A minha azul, como o personagem mesmo
queria que fosse a sua.

Mas ambos tivemos uma escolha a fazer. Matar ou não a borboleta.

Bem, Brás Cubas não era lá muito amável. Ele matou a borboleta.

Uma borboleta perfeita. Ele a matou.

Eu não tive muita escolha.

A linda borboleta de asas azuis estava morrendo.

Contorcia seu pequeno corpinho sem parar. Numa tentativa frustada de voltar a voar.

Batia suas asas freneticamente. O desespero era evidente no inseto.

Fiquei um bom tempo a observando. Queria tira-la dali e a levar para fora.

Mas sabia que que se fizesse isso, ela seria morta por um dos meus cinco cachorros.

Ela estava fadada ao fim.

Vendo que o animal ainda se contorcia de dor quis acabar com seu sofrimento.

Queria dar fim a esse triste evento. Mas não queria destruir suas lindas asas.

Não poderia cometer tal crime.

Diferente de Brás Cubas, não a matei com uma toalha.

Corri até o armário e peguei o inseticida.

Quando voltei para o escritória ela estava caída. Suas antenas se moviam.

Mas estava prestes a morrer.

Sem que mudasse de ideia apertei o espray.

Em segundos a borboleta estava morta.

Se ao menos ela não estivesse quebrada.


sábado, 27 de junho de 2015



O circo de horrores chegou na cidade.
Tendas pretas e brancas. Imponentes.
Suas aberrações em suas gaiolas.
Eles não possuem deformidades físicas.
Se exibem com o peito estufado.
E o orgulho estampado nos lábios.
Se contorcem em ângulos estranhos.
A música e cheiro açucarado violam seu corpo.
Você é impedido de sentir. Apenas sorri.
Mas quando as luzes se apagam.
Quando o silencio é a única companhia das aberrações.
As mascaras se desintegram. Há cheiro de fumaça no ar.
Os gritos e gemidos cortam o céu da madrugada.
Lamentos intermináveis. Palavras que explodem na ponta da língua.
O sal escorre em sua bochechas.
Até que o sol nasce.
E os sorrisos se tornam seus grandes disfarces.


    

domingo, 14 de junho de 2015




Eu te odeio.

Não aquele ódio juvenil em que eu faço escândalos. Ou talvez mande você se foder.

Nada disso. É um ódio que vem se construindo por muito tempo. Teve tempo de se planejar.

Se desenvolveu de forma calma. Agora tem a mesma estrutura de uma metrópole do norte rico.

Seus comentários são como um perfume doce de mais. Me dão enjoo.

Eu acredito que se ficar perto de mais eu possa me tornar como você. Mas é impossível tê evitar por isso o sorriso agradável.

Horas e mais horas ignorando os porquês.

Deus! Oh, Deus de toda a sabedoria, me torne ignorante. Porque assim não serei capaz de compreender os sons primitivos que saem dos lábios desse brilhante ser!

Eu te odeio.


  

sábado, 13 de junho de 2015



A sombra que seus cílios fazem
Ofuscam o brilho dos seus olhos
Que só surge quando seus dentes se apertam 

Um sorriso que nada esconde
Uma raiva genuína
Que se dissipa
Que se torna amizade 

Um amor que converge em nossa direção
Divergindo para outra dimensão 
Segundos se passam antes que acordos são refeitos 

Segredos guardados a sete chaves
Escondidos de todos
Tornando silencio o código oficial de nossos olhos 

Anos de princesas 
Meses de lágrimas 
Dias de conversas paralelas 

Batemos de frente
Só para ironizar nossos defeitos 
A doença da idade se torna nosso par perfeito 


   

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Sometimes you've got to live by the criminal's philosophy, you only reagret if you're caught doing it 

Do I reagret?

Tradução 

Há momentos em que você tem que viver pela filosofia do criminoso, você só se arrependo se for pego fazendo.

Eu me arrependo?


quinta-feira, 7 de maio de 2015


  • REC 2:02:13

Como eu posso começar?
Bem, eu não durmo tem três dias. Não consigo dormir nem com medicação…
Isso tá me matando. Não consigo fazer nada. Minha cabeça tá explodindo.
Minha amiga me disse que isso era muito problema na cabeça. E me disse para escrever um diário.
Eu não gosto de escrever. Então, resolvi gravar esses vídeos…
Meu deus isso soa ridículo.
Acho que é só isso que tinha pra dizer.
Tchau, eu acho…

  • REC 1:15:01

E mais uma madrugada sem pregar os olhos.
Essa já é a quarta. Tô com vontade de afundar minha cabeça na terra.
Sabe o que é ter toda uma construção civil dentro da sua cabeça?
Assim que me sinto andando no trabalho. Já odiava aquele lugar. Agora mais ainda.
A única coisa útil que essa insônia me deu até agora. Um motivo pra reclamar do meu trabalho de bosta.
As teclas batendo, o salto dos sapatos estalando no chão. Até mesmo o barulho da caneta riscando o papel me irrita.
Eu fico oito horas do dia dentro daquele lugar. Parece que eles sugam sua energia.
Qualquer um dormiria horas se chegasse de um trabalho desses. Mas eu não.
Porque eu não durmo.


  • REC 4:30:52

Já se passaram dois dias desde o ultimo vídeo.
Eu tive alguns compromissos com o trabalho. Acabei me esquecendo. Virei as noites trabalhando.
A quantidade de papeladas que preenchi por que poderosos idiotas quaisquer se recusam a fazer. E então mandam para mim.
Pilhas e mais pilhas de burocracia que não entendo. Só faço o que mandam.
Coloco os nomes e as datas de nascimento. Prontinho senhor.
Uma coisa estranha aconteceu hoje. Quando eu estava tomando um café - eu não durmo mesmo - e eu vi um vulto.
Eu sei que parece idiota, mas foi muito estranho. Sabe?
Tipo, não tinha ninguém lá. E eu vi um vulto.
Ele passou bem rápido. Mas consegui ver ele.
Era como um mancha escura escorrendo pela parede. Foi tão estranho que até derrubei meu café na minha mão.
Tive queimaduras de segundo grau. Que grande bosta.
Eu tenho que ir, já está amanhecendo.


  • REC 3:50:22

Acho que não sou mais capaz.
Minha cabeça tá me matando. Tem essa barulho constante que fica soando em meu crânio.
TUM TUM TUM.
Agora tenho que usar óculos escuros dentro do escritório. Todos me olham de lado. Pra ser honesta eu não ligo.
Eu nem percebo. Na verdade a minha única amiga daquele inferno que me disse isso.
Eu não consigo prestar atenção em nada mais. Eu estou em um constante estado de transe.
Eu vejo tudo como se estivesse de baixo d´água. Embaçado e devagar.
Quando pisco posso sentir minhas pálpebras arrastando nos meus olhos.
Meu olhos… Nem por onde começar. Eles estão vermelhos sangue e secos come se eu estivesse atravessando um deserto.
Eles incomodam.
Eu fico me imaginando dormindo. A lembrança parece tão distante que nem me lembro qual é sensação direito.
O escritório estava insuportável. Tive que correr para o telhado. O único lugar silencioso.
Quando eu estava lá alguém bateu na porta. Eu levei até um susto, por que bateram muito forte. Mas quando abri a por não tinha ninguém.
Na hora eu achei que a pessoa tinha desistido e voltado. Mas…
Agora, eu me lembro que… Que não escutei nem um barulho de sapatos batendo no chão.
Hoje eu vou dar uma caminhada. Me falaram que exercícios ajudam a dormir, então… Até.


  • REC 5:32:10

Eu acabei de voltar da rua. Já vão dar cinco e meia da manhã e eu não dormi nada.
Eu vou tomar um banho e me arrumar para o trabalho....
Até mais tarde.


  • REC 00:20:42

Não da mais. Simplesmente não dá.
Só de imaginar entrar naquele lugar barulhento minha cabeça já da saltos.
Vou pedir umas férias ou algo assim. Eu não consigo.
Eu não quero mais ter que fazer isso…
Me desculpa por chorar, é só… Eu não sei se vou conseguir ficar muito mais tempo assim.
Simplesmente não dá.
Tchau.




  • REC 3:56:03

Se passaram três dias desde que gravei e… Eu… Eu ainda dão dormir. E isso tá me matando.
Eu não trabalho mais, porque qualquer barulho um pouco mais alto me incomoda. Eu pintei minhas janelas de preto porque o sou estava machucando minha vista.
Ontem, hoje eu não sei. Eu estava me trocando de roupa, tinha acabado de tomar banho e tomado algumas pílulas que supostamente me fariam dormir.
Escutei algo caindo na sala e fui ver o que era. E adivinha, nada. Nada. Porra nenhuma.
Tem algum… Ma coii… Sa errada coo… Migo. Me desculpa… Chorar, mas eu não tô bem.
Eu tenho que ir.


  • REC 6:35:46

Já são quinze dias sem dormir. E eu acho que estou começando a enlouquecer. Humhum…



  • REC 3:33:33

Eu não sei que dia é hoje. Eu não tenho coragem de sair da minha cama.
Hahaha. Isso é rídiculo. Eu não consigo dormir, eu não consigo dormir, eu não consigo dormir EU NÃO CONSIGO DORMIR!
Me desculpa… Me desculpa, eu tô pirando.
Eu tô com medo de sair da minha cama porque… Shhh! Não fala alto, ela vai te escutar.
Eu tô com medo do meu reflexo. Eu estava lavando o rosto ontem e quando abri meus olhos, lá estava ela.
Me encarando, com aquele sorriso. Eu não consegui me mexer.
Eu mijei no meu short… Eu… Eu estou com medo.


   

terça-feira, 5 de maio de 2015



Steal my thoughts
Lick my lips
Sugar melting on finger tips 

Pop Rocks, I´ll pop, pop inside your head 
Give to me what I want 
So I don´t have to wait 

I´ll give you all my love and mind 
I´ll run away and break your life 

All girls taste bitter and sweet 
Suck it all the candy 
Spit it out a kiss
All girls taste bitter and sweet 

Close your eyes, clear you mind, can you smell some cake? 
Got to stop, can´t stop, gave you too much to taste
Sugar rush, sugar rush
Let´s go out and play 

I gave you all the things I have 
And never asked you anything back 
Now your gone and you broke my heart 
Now I´ll pour pepper in your chocolate bar

All girls taste bitter and sweet 
Suck it all the candy 
Spit it out a kiss
All girls taste bitter and sweet


Tradução

Roube meus pensamentos 
Lamba meus lábios 
Açúcar derretendo na ponta dos dedos 

Pop Rocks, eu vou estourar, estourar dentro da sua cabeça 
Me de tudo que eu quero 
Então não tenho que esperar 

Vou te dar todo meu amor e mente 
Vou fugir e quebrar seu coração 

Todas as garotas tem gosto amargo e doce
Chupe todo o doce 
Cuspa um beijo 
Todas as garotas tem gosto amargo e doce

Feche seus olhos, limpe sua mente, pode cheirar bolo? 
Tem de parara, não consegue parar, te dei demais para experimentar
Vamos sair e jogar

Te dei todas as coisas que possuo 
E nunca pedi nada de volta 
Agora você se foi e você quebrou meu coração 
Agora vou por pimenta em sua barra de chocolate

Todas as garotas tem gosto amargo e doce
Chupe todo o doce 
Cuspa um beijo 
Todas as garotas tem gosto amargo e doce



    

domingo, 3 de maio de 2015

Olá!

Bem, o post vai ter um perfil diferente do resto do blog, mas espero que gostem!

Eu vim falar sobre um lugar especial para mim que o AMF. Crido pelas autoras Anelise Besson (Still Take You Home, Old Yellow Bricks, Lost In The Sky), Luana Fere (Now Then, Mardy Bum?, Version Of Perversion), Bábara Fêlix (Love Is A Laserquest, Reckless Serenade, After The Lights Go Down Low) e Ana Paula (R U Mine?, Les Roses Violeur) lá para o finalzinho de 2012.



O blog sempre teve a proposta de reunir todas as fanfics da banda Arctic Monkeys. Com um início discreto, logo o blog foi atraindo novas leitoras e autoras - como eu mesma (Jigsaw, A Lesson To Teach) - tornando o lugar perfeito para quem curte uma boa estória.

Sempre mantendo a qualidade literária, com personagens bem construídos e enredos criativos e muitas vezes que fogem da realidade da banda(tivemos um Alex assassino!), o AMF alcançou meio milhão de visualizações. Por isso resolvi apresentar o AMF para vocês!


O blog tem um conjunto enorme de estórias! Diferente do que muitos pensam sobre fanfics, as autoras esbanjam talento escrevendo estórias que vão do clássico romance até o mais inusitado terror. Tornado a leitura uma experiencia única e inesquecível!

Infelizmente nesse ano de 2015 o AMF vem passado por um momento difícil. A falta de leitores presentes e o fato de que as autoras cresceram e tem se tornado cada vez mais ocupadas com escola e trabalho, vem impossibilitando a mesma dedicação ao blog.



Esse post tem como objetivo atrair novos leitores e autores (quem sabe?)!

Pode vir sem medo, nó vamos te receber de braços abertos! E se você tem interesse em enviar sua fic, é só mandar para o e-mail fanarctic@gmail.com, com o determinados dados:

Seu nome:
Rede social que queira compartilhar: 
Nome da fic:
Sinopse:
Mande uma capa, se tiver. 

Ou pode acessar http://arcticmonkeysfanfics.blogspot.com.br/

Bem, espero com todas as minhas forçar que vocês gostem. O AMF foi uma das grandes razões pela qual comecei a escrever, então se gostam dos meus texto, deviam agradecer ao AMF!


terça-feira, 28 de abril de 2015



Acordo com o chão gelado da cozinha no meu rosto.

Minha cabeça lateja. E lateja. E lateja.

O ato de abrir os olhos é um sacrifício. Vamos lá Clara.

A cozinha está vazia. Silenciosa.

Levanto-me com o máximo de esforço que um ser humano consegue fazer em uma situação 
dessas.

A janela mostrava um céu ainda escuro.

Arrasto-me até o banheiro. Eu realmente não deveria ter bebido tanto.

Lavo meu rosto inchado. A água gelada aguça meus sentidos.

Meu deus. Preciso dormir.

O pequeno percurso até meu quarto é tortura.

Mal acredito quando alcanço a cama. Adormeço no instante em que minha cabeça toca o travesseiro.

- Você realmente acha que vai conseguir escapar de mim?

Sei que a voz é de Peter. Não quero abrir os olhos.

- Me deixa dormir em paz.

Ele se senta na beirada da cama. Posso sentir seu cheiro.

- Você quem está imaginado.

- O que?

- Meu cheiro.

Viro meu rosto para o outro lado.

- Clara, por favor, vamos resolver isso logo.

- O que você quer que eu faça?

- Você já sabe o que.

- Não vou fazer isso.

- Clara...

- Dá pra calar a boca! Não vou fazer isso!

Meu sono evapora. Posso sentir minha pulsação no meu ouvido.

- Eu vou sair.

- Isso mesmo!

A mulher de cabelos vermelhos está sentada na outra beirada da cama.

- Qual o problema de vocês dois?

- Qual o seu problema?

A mulher se deita ao meu lado.

- O que você está fazendo? Sai da minha cama!

- Nossa cama, né querida.

- Quem é você afinal de contas?

- Roxy, o prazer é todo meu.

Ela masca um chiclete. Posso sentir o cheiro mentolado de seu hálito.

Levanto-me e corro até o banheiro.

- Você sabe que nunca vai conseguir fugir de nós, certo?

Peter chega à porta do banheiro.

Ele não usa mais um casaco. Está com um suéter marrom.

- Eu sei.

Ele se posiciona no meu lado esquerdo. Sinto sua respiração no meu rosto.

- Como você respira?

- Não sei.

Um sorriso surge em seus lábios. Não consigo evitar sorrir.

- Vamos Clara, vamos resolver isso logo.

- Não escute ele.

Roxy está do meu lado direito. Seu hálito de menta em minha bochecha.

Fui encurralada. Não há para aonde correr.

- Clarinha, você sabe o que realmente quer fazer. Esquece esse idiota.

Minha respiração está acelerada.

- Clara, por favor. Você sabe o que tem de fazer.

Peter está tão perto que seus lábios encostam levemente minha bochecha.

Não consigo formar uma se quer palavra. Sinto vontade de gritar, rir e chorar. Tudo ao mesmo tempo.

Eu estou na situação mais insana possível. Realmente estou no fundo do poço.

- Não sei o que fazer.

- Sabe sim.

Roxy se aproxima. Seus lábios vermelhos mancham meu rosto.

Sinto sua língua em minha bochecha. Tenho um calafrio.

- Você sabe que quer sair, encher a cara. Sabe que é a única forma de melhorar.

- Isso não é verdade. Tudo que precisa fazer é aceitar.

Sinto meus olhos umedecendo. Que droga.

- Vamos lá.

Peter está segurando minha mão. Segurando-me.

- Tudo bem.

- O que?

- Tudo bem, eu faço.

- Fazer o que?

Não o respondo. Ele sabe o que estou pensando.

- Clara, tem certeza?

- Isso! Muito bem Clarinha!

- Clara, acho me...

- Calem a boca os dois.

Antes que pensasse melhor no que estava prestes a fazer já está dentro de um taxi.

O percurso demorou um pouco. Estava em um subúrbio. Silencio e casas caras.

Pedi que o taxista esperasse. Não iria demorar muito.

- Clara, tem certeza?

- Cala sua boca Peter, você quem queria que falasse.

- Não assim.

Roxy está no ultimo degrau da varanda da casa em pretendo entrar.

Toco a campainha. Ele atende.

- Clara? O que você está fazendo aqui?

- Posso entrar?

- Claro, mas eu...

Já estava no meio da sala antes que ele terminasse a frase.

- Mas o que você veio fazer aqui?

- Dizer que você é um hipócrita. Assim como Ana.

- O que?

- Hipócritas, frios, secos. Filhos de uma puta.

- Qual o seu problema?

- Você, todos vocês.

Aponto para uma foto de família.

- Clara, como você está... Diferente.

Ana está na sala com sua pele morena e cabelos escuros.

- Sua piranha. Vocês me deixaram acreditar que foi minha culpa. Eu te odeio.

- Clara o que está acontecendo?

- Para de ser sonsa. Você sabe muito bem do que eu estou falando.

Silencio.

- Vamos lá, falem algo.

Silencio.

- Vocês são realmente toscos, esperava que vocês ao menos se defendessem.

Os dois ficam sem reação. Saio correndo da casa.

O taxia ainda está na porta.

Mal consigo respirar.

Não acredito no que acabei de fazer. Puta merda.

- Muito bem Clarinha.

Roxy está sentada ao meu lado esquerdo.

Olho para o outro lado e vejo Peter.

Ele tem uma mistura de medo e satisfação no seu rosto.

- Muito bem Clara.

Sinto uma onda de calor por meu corpo. Um peso sai dos meus ombros.

Peter sorri e aproxima seu rosto do meu. Ele me beija.

Fico sem reação.

Roxy vira meu rosto para ficar de frente com o seu.

Seus lábios vermelhos tocam os meus.

Sinto minha respiração falhar.

Fecho meus olhos tentando me acalmar. Inspire. Expire.

Quando abro meus olhos os dois se foram. Deixaram seus lugares vazios.

Minha mente está muito mais leve. Não foi minha culpa.

Não é minha culpa.